sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Enquanto os sinos dobram, 2010, pp.01 (parte1)


2009-11-22 FAVORITISMO ABSOLUTO
É incrível a necessidade que tenho de manter distância das outras pessoas. Em determinadas fases  -  que eu chamo de momentos de extrema comunicação –  é simples sair, falar, conversar, ir às compras, até mesmo ao shopping. (!!!!!)
Porém, eu me sinto bem mesmo, me sinto completa, é quando estou sozinha. São as fases que chamo de favoritismo absoluto.
Eu e uma máquina fotográfica. Eu e um computador – online ou com alguns bons softwares ou os dois. Eu e uma TV com alguns DVDs ou não, até mesmo com alguns desenhos da TV aberta. Agora, está passando o Pica Pau. Melhor do que ouvir algumas pessoas.
Eu gosto de observar as pessoas. Observar como elas são quando não sabem que estão sendo observadas e, principalmente, depois que sabem que estão sendo observadas. É incrível como mudam. Incondicionalmente todas mudam. Faço isso quando estou sem alguma leitura, dentro do metrô. Rola tanta sacanagem aos olhos de todos. E ninguém vê. Já vi senhores com jeito de quem está voltando do trabalho, já na porta de saída do vagão, chamando travesti para “vai saber o quê”, só com uma balançadinha do pescoço como quem diz “Vamos?”... Já vi mocinho olhando pra mocinha que, de repente, levanta, passa na frente do mocinho com um sorrisão no rosto, e os dois ficam de sacanagem esperando a porta abrir, logo estão se pegando ali na plataforma mesmo. Aposto. Só não fico pra ver, não me interessa.
Eu prefiro ver a rua, a Lua, as estrelas. Mas enquanto tenho que passar seis vezes por semana pela Estação Sé (“desembarque pelo lado esquerdo do trem”), me ocupo em observar o comportamento humano. Esses humanos!
Falando em humanos, só me lembro de uma vez ter sentido vontade de encontrar alguém que vi no metrô. Há uns quinze anos atrás. Mas não vou falar de coisas tão antigas assim, não agora.
Olhando as pessoas no metrô percebi uma relação muito estranha entre visão e olfato. Já sabia que se a gente pára na frente de um trompetista comendo uma maçã, ele não consegue mais tocar. (!) Porém, já reparou num vagão vomitado? É incrível como meu nariz “acende” assim que avisto aqueles degetos de comida mal mastigada (pergunta: sempre quem vomita mastigou mal ou no geral as pessoas não mastigam direito, mesmo?). Olho pro vômito condicionadamente disposta a reparar se aquele resto foi totalmente mastigado ou não no mesmo instante em que meu nariz sai procurando... Aceso, ligado, esperto... Procurando um cheiro que me faz passar mal. Porquê essa tendência ao fedor, ao feio?

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